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O tantra

"Tantra" é um termo sânscrito que significa "uso, trama, tecer". Designava uma série de tratados indianos do século VII em diante sobre ritual, meditação e disciplina. A palavra "tantra" é composta por duas raízes acústicas: "tan" e "tra". "Tan" significa expansão e "Tra" libertação.

Tal denominação tem as suas raízes em fatores históricos muito sutis, pois esta filosofia comportamental, durante a época medieval, foi severamente reprimida na Índia hinduísta, fortemente espiritualizada. Esta era a forma como os seguidores desta filosofia a viam. Libertadora, mas mantida em segredo (na escuridão).[2]

Dispõe de imensos significados e interpretações, mais ou menos corretos, tais como "teia", "trama" ou "entretecido". "Tantra" pode ser interpretado, mais corretamente, como algo que é regulado por regras gerais.[2] Um dos significados que a palavra possui é "código". Vale lembrar que o tantra é uma filosofia comportamental e que seus diversos significados giram em torno desse fundamento.

O tantra é uma filosofia hindu muito antiga (se cristalizou por volta do século XV),[4] tendo, por características: a matriarcalidade, a sensorialidade, o naturalismo e a desrepressão. O tantra é um complexo sistema de descrição da realidade objetiva, sendo, assim, uma ciência prática e aplicável e a base do pensamento de um povo muito antigo que até hoje faz ecoar sua influência sobre a sociedade contemporânea.

Nas sociedades primitivas não guerreiras, nas quais a cultura não era centrada na guerra, a mulher era fortemente exaltada e até mesmo endeusada, na medida em que dava vida a outros seres humanos. Daí, a qualidade matriarcal dessas sociedades.

Baseado quase inteiramente no culto de Shiva e Shakti, o tantra visualiza o Brahman definitivo como Param Shiva, manifesto através da união de Shiva (a força ativa, masculina, de Shiva) e Shakti (a força passiva, feminina, de sua esposa).

Está centrado no desenvolvimento e despertar da kundalini, a "serpente" de energia ígnea, de natureza biológica e manifestação sexual, situada na base da espinha dorsal e que ascende através dos chakras até se atingir o samadhi. Uma dessas maneiras é obter a união entre Shiva e Shakti, também conhecido como Maituna.

No tantra, ao contrário da maioria das filosofias espiritualistas, se vê o corpo não como um obstáculo mas como um meio para o conhecimento. Para o tantra, todo o complexo humano é vivo e possui consciência independente da consciência central. Por isso mesmo, é merecedor de atenção, respeito e reconhecimento. Para tanto, usa mantras (vocalização de sons e ultrassons em sânscrito), yantras (figuras geométricas, desde as simples às mais complexas, como mandalas, por exemplo, que representam as diversas formas de Shakti) e rituais que incluem formas de meditação.

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